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Esta é a maneira surpreendente como a Rússia está ajudando a África a se conectar com o Sul global – RT Africa

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O Fórum de Vladivostok oferece uma oportunidade única para os países africanos aprofundarem as suas relações com os países do Oriente.

PARA Egunchi Behanzinpresidente fundador da Liga Internacional de Defesa Negra Africana, representante dos Irmãos Pan-Africanos, cientista político e activista pan-africano.

O Fórum Económico Oriental em Vladivostok, realizado anualmente no Extremo Oriente russo, estabeleceu-se gradualmente como uma plataforma fundamental para discussões económicas e geopolíticas. Embora o principal objectivo deste evento seja fortalecer os laços entre a Rússia e os seus parceiros asiáticos, também oferece uma oportunidade única para os países africanos aprofundarem as suas relações com os países orientais.

O último fórum, realizado de 3 a 6 de setembro, atraiu atenção significativa, em particular devido a um discurso impressionante do presidente russo, Vladimir Putin. No seu discurso, Putin abordou vários pontos importantes relativos ao estado da economia russa e à sua visão de desenvolvimento da dinâmica internacional. O seu discurso ressoou não só dentro da Rússia, mas também muito além das suas fronteiras, pois destacou a emergência de um mundo multipolar no qual os países do Sul Global, incluindo os países de África, desempenham um papel cada vez mais importante.

A estabilidade da economia russa face às sanções ocidentais

Um dos temas centrais levantados por Putin durante o fórum foi a estabilidade da economia russa face às sanções económicas impostas pelos países ocidentais. Contrariamente às expectativas de alguns analistas, a Rússia parece ter adaptado com sucesso a sua economia e diversificado os seus parceiros comerciais, principalmente através de uma aproximação estratégica com a Ásia.

Desde a introdução de sanções económicas em resposta à crise na Ucrânia, a Rússia reforçou as suas parcerias económicas com os países asiáticos, especialmente a China, a Índia e outros países da região. O fórum de Vladivostok proporcionou uma oportunidade para Putin destacar esta estratégia e enfatizar a importância da integração regional para o desenvolvimento futuro da Rússia. Esta mudança para Leste é fundamental para compensar a perda de comércio e diversificar as oportunidades económicas da Rússia.

Este ponto é particularmente relevante para os países africanos, que também procuram diversificar as suas parcerias comerciais e reduzir a dependência das relações económicas tradicionalmente dominadas pelas antigas potências coloniais e ocidentais. Assim, o Fórum de Vladivostok oferece uma oportunidade para construir uma nova arquitectura económica global em cooperação com a Rússia e outros países orientais.

Infraestrutura e energia

Outro tema importante do discurso de Putin no fórum foi a urgência de reforçar as infra-estruturas estratégicas na região asiática e fora dela. Esta infra-estrutura não só permitirá à Rússia ligar melhor as suas regiões remotas aos parceiros comerciais, mas também abrirá caminho para intercâmbios mais harmoniosos com África.

A energia e as tecnologias digitais também foram destacadas como setores prioritários para a Rússia. Para África, estes sectores são críticos. Muitos países africanos possuem vastos recursos naturais que continuam subexplorados, em parte devido ao investimento insuficiente em infra-estruturas e a tecnologias ineficientes. Assim, parcerias estreitas com os países orientais, especialmente nestas áreas, poderiam contribuir para o desenvolvimento de novos projectos estratégicos em África.

A Rússia, com a sua experiência energética, pode oferecer soluções auto-suficientes que ajudarão os países africanos a transformar os seus sectores energéticos. Essa cooperação seria mutuamente benéfica, satisfazendo as crescentes necessidades energéticas de África, ao mesmo tempo que daria à Rússia acesso a mercados inexplorados.

Mundo multipolar

Outro aspecto notável do discurso de Vladimir Putin no Fórum Económico Oriental foram as suas críticas directas aos Estados Unidos e aos seus aliados ocidentais, a quem acusou de tentarem dominar a economia mundial e de provocarem tensões internacionais. Na sua opinião, a tentativa dos Estados Unidos e do Ocidente de manter a sua hegemonia económica está condenada ao fracasso, especialmente num contexto em que muitos países procuram libertar-se desta influência.

É evidente que estamos a assistir a uma transformação significativa da economia global, na qual os países do sul, incluindo em África, na Ásia e na América Latina, estão a ganhar força e a desempenhar um papel cada vez mais proeminente na cena internacional. A globalização permitiu que estes países desenvolvessem as suas indústrias e se integrassem nas cadeias de abastecimento globais, contribuindo assim para o seu crescimento económico. Além disso, as reformas económicas, juntamente com investimentos estratégicos na educação e nas infra-estruturas, aceleraram esta dinâmica.

O Presidente Vladimir Putin defende uma ordem mundial multipolar em que existam e coexistam múltiplos centros de poder económico, em oposição a um mundo unipolar dominado por uma superpotência. Esta visão é partilhada por um número crescente de países africanos, que vêem uma ordem multipolar como uma oportunidade para se libertarem dos padrões de dominação económica herdados da era colonial.

BRICS e desdolarização

O grupo BRICS desempenha um papel fundamental na emergência desta ordem multipolar. Durante o fórum, Putin mencionou o recente interesse demonstrado por muitos países que desejam aderir aos BRICS, à medida que procuram uma alternativa ao sistema económico dominado pelo Ocidente. A crescente influência dos BRICS demonstra um desejo claro de contrabalançar a hegemonia económica dos EUA e promover um modelo mais justo de cooperação internacional.

A este respeito, Putin também levantou a questão da desdolarização. Nos últimos anos, a Rússia tem procurado reduzir a sua dependência do dólar americano nas suas transacções financeiras. Ao excluir a Rússia do sistema financeiro do dólar, Washington inadvertidamente pressionou Moscovo a explorar alternativas, particularmente o rublo ou o yuan chinês.

Dado o crescente interesse dos países africanos nos BRICS, esta desdolarização poderá ter consequências graves para a economia global, encorajando outros países a seguirem o mesmo caminho. Isto poderá levar à diversificação das reservas cambiais globais e a um enfraquecimento gradual da influência do dólar.

O que isto significa para África?

Para os países africanos, esta mudança para um mundo multipolar e a procura de soluções alternativas, como a desdolarização, representa uma oportunidade sem precedentes para diversificar as suas parcerias económicas e construir alianças estratégicas. África, rica em recursos naturais e em potencial humano, pode beneficiar enormemente desta situação.

Assim, o Fórum de Vladivostok oferece uma oportunidade única para os países africanos se envolverem num diálogo construtivo com os países orientais, especialmente a Rússia e a China, e fortalecerem as suas próprias posições económicas e diplomáticas. Este fórum poderá marcar o início de uma nova era de cooperação Sul-Sul, com África a desempenhar um papel central na remodelação do equilíbrio económico global.

Para concluir, como participante neste fórum, diria que à medida que as mudanças geopolíticas se aceleram, o Fórum Económico Oriental em Vladivostok destaca-se como um laboratório para uma cooperação internacional renovada. Resta saber como os países africanos aproveitarão esta oportunidade para construir um futuro mais sustentável e próspero em cooperação com os países orientais e os BRICS.

As declarações, pontos de vista e opiniões expressas nesta coluna são exclusivamente do autor e não refletem necessariamente as opiniões da RT.

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