Pessoas atravessam a rua no movimentado bairro de Akihabara, em Tóquio.
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No início desta semana, o Japão celebrou o “Dia do Respeito pelos Idosos”, com o feriado nacional destacando um facto bastante problemático – o país tem um número recorde de idosos para homenagear.
Dados governamentais divulgados antes do evento mostraram que a população do Japão com 65 anos ou mais atingiu um máximo histórico de 36,25 milhões.
De acordo com o Gabinete de Estatística do Ministério da Administração Interna e Comunicações, embora a população geral do país esteja a diminuir, a proporção de pessoas com 65 anos ou mais aumentou para 29,3% da população, a proporção mais elevada de qualquer país.
Os dados aumentam as preocupações sobre as mudanças demográficas e a escassez de mão de obra no país, disse Robert Feldman, economista-chefe da Morgan Stanley MUFG Securities.
Uma pesquisa realizada pelo Teikoku Databank no mês passado descobriu que 51% das empresas de vários setores no Japão enfrentam escassez de funcionários em tempo integral.
“A escassez de mão-de-obra é tão grave como sempre”, disse Feldman, observando que é particularmente aguda em indústrias de mão-de-obra intensiva, como os serviços de alimentação.
Entretanto, o número de trabalhadores com 65 anos ou mais no Japão aumentou pelo 20.º ano consecutivo em 2023, atingindo um recorde de 9,14 milhões, de acordo com o Gabinete de Estatísticas.
Feldman alertou que à medida que estes trabalhadores mais velhos começarem a reformar-se, não serão substituídos por tantos trabalhadores mais jovens.
Não existe uma solução única para todos
Com base nas tendências recentes, espera-se que a proporção de idosos no Japão continue a aumentar, atingindo 34,8% em 2040, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisa Populacional e de Segurança Social.
Entretanto, um estudo recente realizado por Feldman, da Morgan Stanley, estima que, com base nas tendências demográficas anteriores, a força de trabalho global poderá diminuir de cerca de 69,3 milhões de pessoas em 2023 para cerca de 49,1 milhões de pessoas em 2050.
O governo japonês reconheceu os danos económicos e sociais que estas tendências podem causar e tomou medidas para as combater.
Uma série de medidas visaram inverter o declínio da taxa de natalidade no país, com o gabinete do primeiro-ministro Fumio Kishida a implementar medidas como a atribuição de mais fundos para cuidados infantis e o apoio a mais instalações de cuidados infantis no país.
Os governos locais até tomaram medidas para apoiar aplicativos públicos de namoro que visam incentivar os japoneses a se socializarem, a se casarem e a terem filhos.
Contudo, o aumento da taxa de natalidade pouco contribuirá para resolver a escassez de mão-de-obra a curto prazo. Assim, o Japão tem-se aberto constantemente a mais migrações nos últimos anos, atingindo um recorde de 2 milhões de trabalhadores estrangeiros em 2024 e contando com mais 800.000 nos próximos cinco anos, de acordo com relatos dos meios de comunicação locais.
Para compensar as perdas demográficas esperadas do país nas próximas décadas, disse Feldman, o país terá de atrair trabalhadores estrangeiros muito mais rapidamente – às dezenas de milhões.
“Não creio que isso vá acontecer, o que significa que a maior parte do declínio na força de trabalho doméstica terá de ser compensada pelo aumento da produtividade entre os jovens que permanecem”, disse Feldman.
Acrescentou que para garantir o aumento da produtividade dos trabalhadores, será necessário investimento adicional na melhoria da produtividade e na introdução de novas tecnologias, como a inteligência artificial e a automação.
No início deste ano, Carlos Casanova, economista sênior para a Ásia do UBP, disse no “Squawk Box Asia” da CNBC que a tecnologia de IA é frequentemente citada como uma solução para a crise demográfica do Japão, mas até agora pouco fez para aliviá-la.
“Somos uma sociedade cada vez mais orientada para o consumo, por isso, para manter o crescimento económico, precisamos de uma grande força de trabalho que ganhe e gaste dinheiro”, disse Casanova.
“A inteligência artificial pode ser parte da solução, mas há outras coisas que têm de fazer”, acrescentou, sugerindo que além da imigração, o país está a trabalhar em mudanças sociais e estruturais, como o aumento das taxas de participação feminina na força de trabalho.
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