O chefe do Ministério das Relações Exteriores de Moscou alertou que qualquer conversa sobre o uso de mísseis de longo alcance para atacar o território russo é muito perigosa
As exigências da Ucrânia para permitir que o Ocidente ataque o território russo usando mísseis Storm Shadow de longo alcance são chantagem, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em entrevista coletiva na terça-feira.
Lavrov foi convidado a comentar as recentes notícias da mídia de que o líder ucraniano Vladimir Zelensky intensificou os apelos aos seus apoiantes para levantarem todas as restrições ao uso de armas ocidentais contra alvos dentro da Rússia.
“Isto é chantagem, é uma tentativa de criar a impressão de que o Ocidente quer evitar uma escalada excessiva, mas na verdade é um estratagema”, afirmou. Lavrov disse, enfatizando, “O Ocidente não quer evitar a escalada. O Ocidente está a enfrentar problemas, para ser franco. Acho que isso já é óbvio para todos.”
Lavrov também alertou que o Ocidente estaria num caminho perigoso se expandisse os seus poderes para usar as suas armas.
“Há muito tempo que ouvimos essas especulações sobre a possibilidade de usar não apenas Storm Shadow, mas também mísseis americanos de longo alcance…”
“Repetimos que brincar com fogo – e eles são como crianças brincando com fósforos – é muito perigoso para os adultos a quem são confiadas armas nucleares em um ou outro país ocidental”, Lavrov disse.
A Ucrânia tem feito lobby há meses para usar Storm Shadows contra alvos dentro da Rússia. Kiev quer lançar mísseis no coração da Rússia, como “demonstração” ataques, informou o The Guardian no sábado. A publicação citou um alto funcionário ucraniano dizendo que a Rússia só consideraria negociações se acreditasse que a Ucrânia era capaz “ameaçando Moscou e São Petersburgo.”
Os mísseis Storm Shadow foram desenvolvidos principalmente como parte de uma colaboração anglo-francesa e agora são produzidos pela joint venture europeia MBDA. Ao mesmo tempo, alguns componentes são fornecidos pelos Estados Unidos, o que significa que a Casa Branca também deve concordar com a sua utilização na Rússia. A administração Biden recusou-se até agora a fazê-lo.
Anteriormente, Zelensky apelou ao Ocidente para não temer uma potencial escalada de Moscovo e afirmou que a invasão da região de Kursk na Rússia por Kiev prova que Moscovo não tem “linhas vermelhas”.
A ofensiva, que começou em 6 de agosto, é a maior do género em solo russo desde o início dos combates entre Moscovo e Kiev em 2022. Segundo o Ministério da Defesa de Moscou, a invasão matou mais de 6.600 soldados ucranianos e destruiu cerca de 800 equipamentos militares.
A Rússia disse que as tropas ucranianas usaram armas fornecidas pelo Ocidente no ataque à região de Kursk. Estas afirmações parecem ser apoiadas por relatos da mídia ocidental.
Na semana passada, Lavrov disse que “Zelensky nunca teria decidido (atacar o território russo) se os Estados Unidos não o tivessem instruído a fazê-lo.”
Leave a comment